quarta-feira, 13 de março de 2013

Sound City: Real To Reel (2013)


Dave Grohl é a pessoa ligada à música que mais gosto. Longe da revolução punk dos tempos de Nirvana, no Foo Fighters Grohl desenvolveu uma boa fórmula, um rock de arena palatável para grandes multidões e para as rádios, mas sem cair na bunda-molice que geralmente se encontra nesse tipo de música atualmente. É uma das mais honestas e interessantes bandas de rock'n'roll mainstream da atualidade.  
Entretanto, eu gosto mesmo é quando Grohl assume as baquetas. Como baterista ele gravou alguns álbuns clássicos, como (obviamente) o Nevermind do Nirvana, o Songs for the Deaf do Queens of the Stone Age e o auto-intitulado cd do Them Crooked Vultures, além de participações e projetos diversos, como sua homenagem ao heavy metal, o Probot, e a recente participação na nova jóia do metal, o sueco Ghost.
Dave, o fã de Slaaaayeeeeer
Além de simpaticíssimo e carismático, o líder do Foo Fighters também é hiperativo. Ao decretar férias para sua banda principal ele não demorou à encontrar novos projetos. Dentre eles a gravação de um novo álbum com o Queens of the Stone Age e a produção de um documentário sobre o lendário estúdio Sound City. Foi lá que muita gente boa gravou. Como por exemplo, o próprio Nirvana, Neil Young, Greatfull Dead, Santana, Metallica, Kyuss, Queens of the Stone Age, Red Hot Chilli Peppers, Elton John, Tool, Black Crowes...
E claro que esse documentário geraria música também. Assim Dave juntou um time de músicos que em sua maioria (se nao todos) já utilizaram o Sound City em gravações e produziu uma excelente trilha sonora para o filme.
O trabalho abre com a guitarrenta Heaven and All que conta com Robert Levon Been e Peter Hayes, músicos do Black Rebel Motorcycle Club. A faixa lembra bastante a sonoridade da banda em seus melhores momentos. Agitada e barulhenta, a música foi uma excelente escolha para abertura do cd, com sua levada garage rock ao  estilo do clássico MC5.
Time Slowing Down trás nos vocais e guitarra Chis Goss da banda Stoner Rock Masters of Reality e a "cozinha" do Rage Against the Machine. A música entretanto soa como um ótimo hard rock. Chegamos então a uma das minhas faixas preferidas, You can't fix this que tem nos vocais a ex-Fleetwood Mac Stevie Nicks. Uma pseudo-balada meio sombria como se fazia nos anos 1980.
As duas próximas são as musicas "punk" do álbum. Na verdade The man that never was se parece bastante com as faixas mais barulhentas do Foo Fighters (talvez por contar com praticamente toda a banda de Grohl), enquanto You wife is calling é mais violenta, me lembrando até alguma coisa do The Stooges. Um inesperado solo de gaita dá um charme a mais pra faixa.

Alguns dos músicos que tocaram no álbum.
Corey Taylor é um dos grandes vocalistas da geração atual. Gosto muito quando ele canta de verdade, não ficando limitado apenas aos guturais que usa no Slipknot. Sei que tal banda tem uma legião de fãs, mas acho o cara um talento desperdiçado. Uma pena que não rolou a entrada dele no Velvet Revolver, adoraria ouvir o que ele produziria ao lado dos ex-Guns'n'Roses. From can to can't, a música que Corey canta, é uma balada metal, que começa com um dedilhadinho a la Scorpions e acaba ganhando os riffs de guitarra mais pesados do álbum.
Josh Homme é o principal convidado de Centipede. Uma das melhores do cd, a faixa, que poderia ser do Them Crooked Vultures, começa com um bonito dedilhado e descamba para uma destruição sonora lotada de riffs e bateria pesadas
A trick with no sleeve é a primeira a ganhar clip. Talvez como homenagem a Alain Johannes. Parceiro habitual de Grohl em diversos projetos, o ótimo multi-instrumentista acaba sempre sendo eclipsado por nomes mais conhecidos. Aqui entretanto ele assume os holofotes ao cantar esse ótimo rock de arena.
Sem dúvida nenhuma o convidado mais ilustre do cd é Sir Paul McCartney. Em Cut me some slack o ex-Beatle é acompanhado pelo "Nirvana". Ou seja, Grohl, Krist Novoselic e Pat Smear (guitarrista que tocou com a banda em suas últimas turnês). A música é um rock'n'roll sem frescura, como deve ser.
Nas duas últimas faixas Grohl assume o microfone. If I Were Me é uma baladinha com violões e piano. Bonita música, mas não considero das melhores do cd. Já Mantra era o encontro que eu mais aguardava, juntando à Grohl os gênios Joshua Homme e Trent Reznor. A faixa é um épico de quase 7 minutos, uma mistura de Queens of the Stone Age com elementos eletrônicos do Nine Inch Nails. Coisa linda.
Apesar dos diferentes músicos envolvidos o cd não parece uma colcha de retalhos. Claro que cada convidado acabou levando sua música para o lado de sua banda de origem, mas Dave soube dar a "liga" necessária e, ao contrário do que poderia se esperar de um cd assim, Sound City: Real to Reel não é daqueles cds de grandes altos e baixos, com duas ou três faixas bacanas e as demais descartáveis. O cd é inteiro ótimo, pra se ouvir do início ao fim. Bem alto de preferência. 
Se a ideia era mostrar que o Sound City é um lugar inspirador, de onde saem ótimas músicas, então Dave foi bem sucedido. Fica agora a curiosidade para assistir ao documentário.

Álbum: Sound City: Real to Reel
Artista: Vários
Lançamento: 2013
Gravadora/Distribuidora:   RCA

Nenhum comentário:

Postar um comentário